sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Novo filme de Spike Lee estreia só em duas salas de NY


Os atores Tonil Lysaith, Clarke Peters e Jules Brown em cena de "Red Hook Summer"

Spike Lee voltou à sua melhor forma, ainda que poucos americanos possam ver o resultado no cinema. “Red Hook Summer” estreou em Nova York em apenas duas salas do circuito alternativo.
O filme foi financiado pelo diretor e rodado em apenas 18 dias –nos intervalos da produção de seu documentário sobre o disco “Bad”, de Michael Jackson (1958-2009). A distribuição também é artesanal, sem a mãozinha de nenhum estúdio.
“Red Hook” rebate com vitalidade a anemia financeira por qual passa o cinema independente americano. Lançado 23 anos depois de “Faça a Coisa Certa” (1989), talvez seja o melhor dos “filmes do Brooklyn” de Lee.
O cineasta, que volta a fazer uma ponta como o entregador de pizzas que aparecia no seu filme mais famoso, desta vez parece encarnar em um garoto de 13 anos, Flik Royale (Jules Brown).


Os atores Tonil Lysaith, Clarke Peters e Jules Brown em cena de “Red Hook Summer”
Nascido em Atlanta (EUA), como Lee, Flik é enviado pela mãe para passar as férias de verão com o avô, o pastor evangélico Enoch Rouse, na região de Red Hook, no Brooklyn, em Nova York.
Vegetariano e ateu, o menino só tem fé mesmo no que grava em seu iPad 2. Ele retrata cada minuto vivido ali, sob a pressão constante do avô, que o leva a cada culto na igreja e tenta colocar Deus na vida do rapaz.
Ele, resistente, vai aos poucos descobrindo a comunidade de rappers e pequenos traficantes em meio à fauna que se reúne na igreja do avô. Especialmente, como em um conto sobre a puberdade, é atraído pela mandona e carismática Chazz (Toni Lysaith), filha de uma das seguidoras mais devotas do pastor.
No quase namorico da dupla, eles perambulam pelo conjunto habitacional de Red Hook, onde moram e retratam algumas mudanças fundamentais de Nova York nas duas últimas décadas.
Sai a violência explícita de “Faça a Coisa Certa”, entra uma comunidade muito mais calma –e a Cohab local aparece em ótimo estado.
O único comentário sobre a gentrificação da área (a chegada de moradores mais abastados e o encarecimento do metro quadrado da região) ocorre quando os garotos teimam em rabiscar o cimento fresco da reforma do casarão de uma vizinha branca, que sempre os persegue aos gritos após a traquinagem.
Essa fábula, algo entre adolescente e cômica, é interrompida na segunda metade do filme por uma revelação do passado do pastor, vivido com garra e carisma hipnóticos pelo ator Clarke Peters (da série “The Wire”, exibida nos EUA entre 2002 e 2008).
A surpresa revela crateras no roteiro, relacionadas à relação entre o avô e a mãe de Flik, mas elas passam longe de minar a graça e o encanto produzidos pelo filme de Lee.

Fonte: Boainformacao.com.br http://www.boainformacao.com.br/2012/08/novo-filme-de-spike-lee-estreia-so-em-duas-salas-de-ny/

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